Você gosta de comemorar aniversários?

Estas últimas semanas tenho andado bastante ocupado com a preparação de um evento totalmente diferente que vamos realizar em dezembro: um workshop de Natal. Muitas questões têm brotado e gostaria de compartilhar algumas com vocês. A principal delas é a que diz respeito aos aniversários.

Algumas pessoas comemoram bastante seus aniversários, às vezes com grandes festas. Já outras olham para seus aniversários como marcos de seu (inevitável) envelhecimento, e dizem: “menos um ano”.

O meu é uma data que eu sempre aguardo com (alegre) ansiedade. Pensava que era por ganhar presentes quando criança. Hoje vejo que não é bem isso, até porque quanto mais velho vou ficando, menos presentes vou ganhando. E mesmo assim, é um dia muito especial para mim. Coincide com o fato de ser um feriado nacional (Dia de Nossa Senhora Aparecida), e obrigatoriamente sair da rotina (e ninguém poder arranjar desculpa de trabalho ou estudo para não me visitar).

A Astrologia reconhece a importância dos aniversários e atribui características especiais a cada período. Denomina ano pessoal a fase entre um aniversário e outro e estuda as características desses 12 meses na análise chamada Revolução Solar. Já a astrologia chinesa observa semelhanças nas pessoas nascidas num mesmo ano, em signos nomeados por animais. Os celtas também atribuem animais à época do nascimento, mas de acordo com o mês de nascimento.

O fato é que o aniversário é uma época de reflexão interior, de olhar para o ano que passou e para aquilo que queremos implementar no ano que para nós começa.

O trabalho biográfico de base antroposófica divide as idades em setênios, ou seja, períodos de sete anos. Cada setênio apresenta uma ênfase diferente em cada aspecto do nosso desenvolvimento corporal ou emocional(veja box). De 42 a 49 anos, que é o setênio pelo qual estou passando, a palavra-chave é autenticidade. Assim, a busca é do que é verdadeiro em minha vida. A verdade pode libertar, mas também causa muita dor, e muitas pessoas preferem evitar este contato com ela ou, pelo menos, evitá-la.

Aniversário é uma palavra latina que significa “aquilo que volta todos os anos”. Anniversarius vem de annus (ano) e vertere (voltar), ou seja, aquilo que se faz ou que volta todos os anos. O costume de acender velas nos bolos começou com os gregos. É como um tributo ao aniversariante pelo sucesso de estar ainda presente na grande aventura que é esta incrível jornada que chamamos “vida”. Além disso, teria um sentido mágico de realizar pedidos, pois o fogo é um elemento transformador. Assim, acendemos as velas para simbolizar que aquilo que buscamos concretizar neste ano que se inicia para nós será carregado de energia interior – para que possamos transformar o futuro.

SETÊNIOS

0 a 7 anos: formação do corpo
7 a 14 anos: conhecendo o mundo
14 a 21 anos: pertencendo a um grupo
21 a 28 anos: experimentando o mundo e a mim mesmo
28 a 35 anos: juntando razão e coração
35 a 42 anos: ampliando a consciência
42 a 49 anos: buscando a autenticidade
49 a 56 anos: desenvolvendo a escuta interna
56 a 63 anos: valorizando a intuição
de 64 anos em diante: doando os frutos maduros

Como mudar o que nos incomoda?

Em tempos de crise, seja financeira ou pessoal, a necessidade de mudanças na vida se torna cada vez mais importante. Mudar é importante, mas mudar como? Mudar o quê? Mudar para quê? Responder a estas três perguntas é a chave para que essas mudanças sejam coerentes com sua história, sua trajetória até o momento atual.
Como identifico o que precisa ser mudado? Lendo artigos sobre autoajuda? Ouvindo conselhos de amigos preocupados? Radicalizando e mudando tudo de uma vez? Muitas vezes, mudamos levados pela precipitação.Sendo assim,o “barulho” interior, causado pela insatisfação, não permite escutar nossa voz interior que sussurra claramente aquilo que nos incomoda e como podemos mudar. É aí que a proposta da Terapia Biográfica melhor mostra seus efeitos. Através de um trabalho chamado Panorama Biográfico, em que a primeira atividade é elaborar uma pergunta, geralmente expressa de forma artística, por meio de aquarela ou modelagem em argila.
Por que de forma artística e não simplesmente falando? Temos diferentes meios para nos expressarmos, a palavra falada é um deles, talvez o mais prático, pois você carrega suas cordas vocais o dia todo. A palavra escrita já é outro meio, e o que você expressa já assume um significado um pouco diferente. Faça o teste: grave uma conversa sua com alguém falando sobre qualquer assunto. Depois escreva o que você pensa sobre aquele assunto. Então leia o que escreveu e ouça o que falou. Perceba como o peso das palavras numa forma ou outra de expressar-se assume proporções distintas, e permite que você tenha uma percepção diferente de tal assunto. Muito mais diversa ainda é a proporção dos fatos ao ser expressa em meios diferentes, como na pintura, no desenho, na modelagem em argila, na dança. Esta é a missão maior da arte: permitir a expressão daquilo que, de outra forma, não poderia ser expresso, pelo menos, não com as possibilidades que os recursos artísticos permitem.
Voltando ao assunto das metas, elaboramos a pergunta sob uma forma artística, aquela a que estamos menos acostumados, menos condicionados, menos preparados para manipular e criticar durante o processo. Daí seguimos o processo de rever e recontar a própria história, acessando a memória também através da palavra falada e escrita, e através da arte. Ouvir a própria história contada por si mesmo de diferentes maneiras permite uma visão panorâmica, como se você olhasse um vilarejo do alto de uma montanha, e o sentido da sua biografia se revela com maior clareza. É por este sentido que você puxa o fio para criar as suas metas de mudança. E elas precisam sempre responder às três perguntas:
1 O que quero mudar na minha vida?
2Para que quero mudar isto?
3Como vou realizar esta mudança?
Estas mudanças, portanto, não são aleatórias, são fundamentadas na voz interna – que traz aquilo que em essência você é e busca sua missão de vida. É importante que após três meses você reveja essas metas, a partir do que você realizou no curto prazo:
A forma como você vem agindo vai de encontro às suas aspirações ou lhe provoca arrependimento logo após a ação?
Essas metas são possíveis ou somente geradoras de culpa e ansiedade?
Se for o caso, refaça suas metas em bases mais próximas de suas aspirações e de suas possibilidades neste momento. As metas são um meio para aproximar-se de seu eu interior, não devem ser mais uma cobrança sem sentido que nos impomos. E quando nos aproximamos de nosso eu interior, de nossa essência, nos aproximamos desse estado que sempre buscamos: a felicidade!

Em tempos de crise, seja financeira ou pessoal, a necessidade de mudanças na vida se torna cada vez mais importante. Mudar é importante, mas mudar como? Mudar o quê? Mudar para quê? Responder a estas três perguntas é a chave para que essas mudanças sejam coerentes com sua história, sua trajetória até o momento atual.
Como identifico o que precisa ser mudado? Lendo artigos sobre autoajuda? Ouvindo conselhos de amigos preocupados? Radicalizando e mudando tudo de uma vez? Muitas vezes, mudamos levados pela precipitação.Sendo assim,o “barulho” interior, causado pela insatisfação, não permite escutar nossa voz interior que sussurra claramente aquilo que nos incomoda e como podemos mudar. É aí que a proposta da Terapia Biográfica melhor mostra seus efeitos. Através de um trabalho chamado Panorama Biográfico, em que a primeira atividade é elaborar uma pergunta, geralmente expressa de forma artística, por meio de aquarela ou modelagem em argila.
Por que de forma artística e não simplesmente falando? Temos diferentes meios para nos expressarmos, a palavra falada é um deles, talvez o mais prático, pois você carrega suas cordas vocais o dia todo. A palavra escrita já é outro meio, e o que você expressa já assume um significado um pouco diferente. Faça o teste: grave uma conversa sua com alguém falando sobre qualquer assunto. Depois escreva o que você pensa sobre aquele assunto. Então leia o que escreveu e ouça o que falou. Perceba como o peso das palavras numa forma ou outra de expressar-se assume proporções distintas, e permite que você tenha uma percepção diferente de tal assunto. Muito mais diversa ainda é a proporção dos fatos ao ser expressa em meios diferentes, como na pintura, no desenho, na modelagem em argila, na dança. Esta é a missão maior da arte: permitir a expressão daquilo que, de outra forma, não poderia ser expresso, pelo menos, não com as possibilidades que os recursos artísticos permitem.
Voltando ao assunto das metas, elaboramos a pergunta sob uma forma artística, aquela a que estamos menos acostumados, menos condicionados, menos preparados para manipular e criticar durante o processo. Daí seguimos o processo de rever e recontar a própria história, acessando a memória também através da palavra falada e escrita, e através da arte. Ouvir a própria história contada por si mesmo de diferentes maneiras permite uma visão panorâmica, como se você olhasse um vilarejo do alto de uma montanha, e o sentido da sua biografia se revela com maior clareza. É por este sentido que você puxa o fio para criar as suas metas de mudança. E elas precisam sempre responder às três perguntas:
1 O que quero mudar na minha vida?2Para que quero mudar isto?3Como vou realizar esta mudança?Estas mudanças, portanto, não são aleatórias, são fundamentadas na voz interna – que traz aquilo que em essência você é e busca sua missão de vida. É importante que após três meses você reveja essas metas, a partir do que você realizou no curto prazo:
A forma como você vem agindo vai de encontro às suas aspirações ou lhe provoca arrependimento logo após a ação?Essas metas são possíveis ou somente geradoras de culpa e ansiedade?Se for o caso, refaça suas metas em bases mais próximas de suas aspirações e de suas possibilidades neste momento. As metas são um meio para aproximar-se de seu eu interior, não devem ser mais uma cobrança sem sentido que nos impomos. E quando nos aproximamos de nosso eu interior, de nossa essência, nos aproximamos desse estado que sempre buscamos: a felicidade!

Preste atenção em você e ganhe saúde

O seu corpo é mantido em funcionamento harmonioso pela energia vital. É ela que mantém os órgãos funcionando de forma equilibrada e os tecidos cumprindo sua função na complexidade que é o corpo humano. A energia vital é governada pela sua essência, que também é chamada eu interior ou self. É aquilo que você no fundo é e que traz a memória de sua missão de vida, do sentido que você busca na vida. Esta essência é inconsciente, você pode acessá-la pela intuição e não pelo raciocínio lógico.

Sua saúde e bem-estar dependem fundamentalmente de estar em sintonia com sua missão de vida. Se você está agindo de acordo com ela, sente-se feliz e seu corpo funciona adequadamente. Se, por outro lado, você age de forma diferente daquilo que faz sentido para sua vida, as doenças aparecem, e você se sentirá triste e angustiado. A doença, nesse sentido, é o sinal de alarme para o afastamento que você está tomando de sua essência. É quando você está doente que deve estar mais atento para olhar dentro da sua história de vida. Assim, pode buscar, através do que os fatos evidenciam, o sentido da sua própria vida – e recuperar o passo para andar na trilha indicada por esse resgate.

Você pode fazer isso valendo-se de um diário onde você anotará toda noite o que lhe aconteceu naquele dia, o que você aprendeu, a quem você é grato e o que você pode fazer com isso. Depois de alguns meses escrevendo, releia o conjunto de suas anotações e você começará a perceber como os fatos isolados e os encontros com essas pessoas que lhe ajudam têm um sentido. Procure perceber esse sentido com sua intuição, e você perceberá o fio condutor do seu destino. Num Biográfico Panorâmico este trabalho é feito de maneira intensiva e em grupo, além de usar outras formas de expressão, como pintura, dança e modelagem, o que facilita a percepção desse fio condutor.

A sua missão de vida faz parte de um intrincado relacionamento que cada ser humano tem com os outros com quem vive em comunidade, com todos os seres do planeta e com o universo. A profissão que você escolheu, por exemplo, não é importante somente para você, mas para muitas pessoas que dependem de você. Quem tem filhos, imediatamente pensa neles, mas é preciso reconhecer que sua vida está ligada a muito mais pessoas, às vezes de forma sutil, como o vendedor de doces que traz aquele docinho que te adoça a tarde monótona no escritório. Dependemos uns dos outros e cada um tem sua missão de vida entrelaçada às missões de cada um na humanidade. Poderíamos chamar esse inter-relacionamento de Ecologia Humana.

O trabalho biográfico de base antroposófica busca clarear este sentido, a missão de vida, através do resgate de fatos de sua biografia.Entender a própria história permite transformar o presente, e viver em plenitude dentro da missão de vida que cada um escolheu para si mesmo.

Lançando mão da reflexão, o trabalho biográfico resgata os fatos do passado de cada um; da partilha desses fatos em grupo (onde muitas vezes o outro funciona como espelho)e através da arte, que é a forma de expressão pela qual o inconsciente melhor se expressa. Jogamos luz em nossas vivências e percebemos como nossa essência se manifesta. Dessa forma, podemos fazer as mudanças necessárias em nossas vidas para sermos mais felizes e saudáveis.

E quanto às doenças, aprenda a percebê-las como amigas que lhe lembram de parar e refletir sobre sua própria vida. Elas lhe fazem perceber se você está indo na direção que traçou para o seu desenvolvimento. Afinal de contas, os melhores amigas são aqueles que nos avisam quando estamos no caminho errado.

Praticando o desapego


A entrega do Oscar de melhor filme estrangeiro neste ano trouxe uma surpresa. O filme japonês Partidas(Departures /Okuribito) levou a tão desejada estatueta no lugar de outros filmes mais incensados pela crítica. Mas afinal de contas, o quePartidas tem que o torna tão especial? Trata-se da história de um homem na faixa dos 20 anos, casado, que toca violoncelo numa orquestra em Tóquio, e esta é dissolvida pelo patrocinador. Ele volta à sua cidade natal com a sua mulher e consegue um emprego no qual ganha muito bem. O que o desagrada é o novo trabalho em si: arrumar defuntos para serem cremados, numa cerimônia em que a família da pessoa morta está presente. À medida em que ele persiste no emprego, começa a perceber a importância do que faz e a dignidade de honrar os mortos em sua despedida.

Um outro filme, este feito para a TV, pela HBO, chamado Correr Riscos(Taking Chance) mostra um coronel que escolta o corpo de um soldado morto na guerra do Iraque para ser entregue a seus pais no interior, e também fala de despedir-se com dignidade.

A morte faz parte da vida, mas muitas vezes a negamos, talvez pelo medo, talvez por estarmos ocupados demais tentando sobreviver. Quando entendemos a morte como a outra face da vida, esta toma um novo sentido. Podemos efetivamente viver – e não somente sobreviver. Geralmente a morte, principalmente de pessoas queridas, nos sacode de nossa zona de conforto, de uma forma mais ou menos intensa, provocando questionamentos sobre a vida, principalmente sobre aquelas questões que adiamos a resolução. A morte nos lembra que tudo passa, que nada é para sempre, e dá uma noção real de que o tempo anda, e não espera.

É preciso saber dizer adeus a quem nos deixa, mesmo sabendo que o que está presente naquele instante é um corpo sem vida. Isso realça a dignidade da vida, não só daquele que morreu, mas de quem ainda vive.

Dizer que a morte faz parte da vida nos faz pensar só no final, mas é muito mais presente do que isso: a cada situação em que precisamos terminar algo para começar uma nova etapa da vida, a morte está ali. Na Índia, a religião hindu tem uma trindade de deuses, formada por Brahma, Shiva e Vishnu. Brahma é o criador de tudo, Shiva é o destruidor e Vishnu o preservador. Parece meio sinistro um deus que destrói, mas é através da destruição do que está gasto que há renovação, que é possível nascer o novo. Não à toa, Shiva é o deus mais adorado na Índia, tendo muito mais templos onde é cultuado, do que os outros deuses da trindade hindu.

Pode parecer absurdo o que eu vou dizer, mas integre a morte em sua vida para que você possa viver mais plenamente. Busque soluções para aqueles problemas que vem adiando, como se o tempo não passasse. Perceba o que já terminou em sua vida, e você não reconhece. Muitas vezes nos apegamos a situações que já não fazem mais sentido, somente pela rotina. Podem ser situações de trabalho, de relacionamento, de hábitos. Viver tendo presente a perspectiva de que morreremos não deveria trazer medo, mas acentuar a responsabilidade que temos de fazer com que a nossa vida tenha o rumo que planejamos para ela. Assim, podemos ser dignos de um dia morrer conscientes de que buscamos (mas nem sempre conseguimos) realizar aquilo que é necessário da melhor forma possível.