Fundamentalismos

>>Publicado originalmente em O Pensador Selvagem

O fundamentalismo separa, causa divergências e leva a guerras. A tolerância é o alimento da paz.

Fundamentalismo é o termo usado para se referir à crença na interpretação literal dos livros sagrados. Fundamentalistas são encontrados entre religiosos diversos e pregam que os dogmas de seus livros sagrados sejam seguidos à risca.

O termo surgiu no começo do século 20 nos EUA, quando protestantes determinaram que a fé cristã exigia acreditar em tudo que está escrito na Bíblia. Mas o fundamentalismo só começou a preocupar o mundo em 1979, quando a Revolução Islâmica transformou o Irã num Estado teocrático e obrigou o país a um retrocesso aos olhos do Ocidente: mulheres foram obrigadas a cobrir o rosto e festas, proibidas. “Para quem aprecia as conquistas da modernidade, não é fácil entender a angústia que elas causam nos fundamentalistas religiosos”, escreveu Karen Armstrong no livro Em Nome de Deus: o Fundamentalismo no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo.

Porém, não são apenas os muçulmanos que têm seus fundamentalistas, também os cristãos, os judeus e, por incrível que possa parecer, os ateus e os céticos. A atitude fundamentalista não permite diálogo, porque suas verdades são únicas e incontestáveis, e quem diverge delas é desqualificado, quando não ridicularizados ou atacados pessoalmente.

Em muitas situações podemos atuar de forma fundamentalista, excluindo a possibilidade de compreender e dialogar com o outro. Pessoas que participam de grupos de defesa dos direitos dos animais vêem com imenso desprezo quem não gosta de animais. Vegetarianos podem arrepiar-se ao passar na porta de uma churrascaria. É óbvio que nem todos são fundamentalistas, graças a Deus, ou graças a Richard Dawkins.

Tolerância e diálogo devem ser nossos lemas na relação com outros seres humanos, esta é a base da verdadeira paz!

Marcelo Guerra

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