Você gosta de Natal em família?

Marcelo Guerra

Reflita se você escolhe onde passar essa data por prazer ou obrigação

Fim de ano, época de festas, confraternizações, alegria e, para muitos, aborrecimentos. Os dias que antecedem o Natal trazem a necessidade de tomar decisões aparentemente triviais, mas que podem trazer problemas para o próximo ano inteiro. Decidir que presente vai dar para quem talvez seja o mais fácil de resolver. Decidir onde vai passar a noite de Natal e o almoço de Natal é a decisão mais arriscada, principalmente para adultos que já construíram uma nova família, além de sua família original.

Tradicionalmente o Natal é considerado como a festa para se passar em família. É aí que entra a questão: qual família? A que você construiu pelo casamento ou morando com alguém? A família em que você nasceu e foi criado? A família da pessoa com quem você construiu uma outra família? Quem não casou não está isento desse conflito, porque muitas vezes os amigos formam um grupo tão ou mais coeso que uma família, e nessa hora esse grupo também entra no rol de possibilidades.

Há alguns momentos dessas 48 horas (dias 24 e 25) que são mais importantes que os outros? Ou seja, há um horário nobre do Natal? A maioria das pessoas tende a considerar a noite de 24, até a meia-noite, como a apoteose da festa. Por conta disso, este é o momento mais crucial para decidir.

Um exemplo comum é o de um casal com filhos cujos pais são vivos. Vão passar o Natal em sua própria casa, com seus filhos? Vão para a casa dos pais do marido? Para a casa dos pais da esposa? Vão juntar todo mundo? Vão passar a noite de 24 com os pais de um e o almoço de 25 com os dos outro? E os cunhados e cunhadas, vão poder ajeitar seu horário de forma que coincida com os seus?

Decisão difícil… O difícil não é decidir onde você vai passar a noite de 24, mas onde vai deixar de passar. Cobranças, reclamações, mágoas… Prepare-se, elas virão de algum lugar.

Por que muitos de nós precisam sentir-se prestigiados pela escolha dos filhos em passar a noite de Natal em nossa casa? O que representa um filho não vir para a noite de Natal? Ele me ama menos? A família em que ele foi criado é menos importante para ele do que a família que ele construiu? Por que me sinto menos por ele não vir na noite de Natal? Por outro lado, por que sinto mais obrigação do que prazer em passar o Natal com os meus pais ou os meus sogros? Por que sinto tanto medo de magoar?

Mágoas guardadas

Como em todo relacionamento, a dificuldade de comunicação é um pedregulho no sapato. Deixamos de falar o que pensamos e, principalmente, o que sentimos, com medo de magoar, com medo de ser mal interpretados. Muitas vezes, pequenos problemas que não são falados, vão crescendo dentro de nós até o dia em que ou explodimos ou evitamos o contato. Numa data como o Natal, na qual as pessoas podem sentir-se obrigadas a estar juntas, é natural que esses sentimentos e mágoas que carregamos no bolso do coração entrem em ebulição novamente, causando mal estar. Sem dúvida, este não é o melhor momento para trazer à tona assuntos tão delicados que vêm sendo escondidos ou cultivados com pitadas de ressentimento, raiva, incompreensão, intolerância. Porém é possível dizer o que você sente em relação a uma situação que se apresente no momento, tomando o cuidado para não contaminar com as mágoas escondidas. Expressar o que você sente é o primeiro passo para estabelecer ou melhorar uma relação familiar. Não confunda expressar seus sentimentos com o muro das lamentações! Dizer o que você sente não lhe exime das suas responsabilidades em tudo o que lhe acontece, quer dizer, a culpa do que lhe acontece de errado não está nos outros.

Construímos nosso destino com aquilo de que dispomos, com o dinheiro que ganhamos, com o DNA que herdamos, com a educação que recebemos, com os amigos que fazemos. Seguimos (ou não) um mapa inconsciente que desenhamos com o nosso eu interior, e que mostra para onde apontam nossos propósitos e intenções mais profundos. Se ignoramos o mapinha e vamos para onde o mar da rotina e do conformismo nos leva, isto é nossa responsabilidade e não devemos acusar os outros por isto.

Voltando ao Natal, para sua decisão, busque aquilo que lhe é possível neste momento, mas procure perceber aquilo de positivo que traz união à sua família. E expresse o que você sente, seja por palavras, por um abraço, um tapinha nas costas, um sorriso. O espírito de Natal, afinal, é constituído pela união de nossos corações.

Feliz e expressivo Natal! Paz em seu coração!

Artigo publicado originalmente na Revista Personare.


Casa e Família

Você gosta de Natal em família?

Reflita se você escolhe onde passar essa data por prazer ou obrigação

Comunidade

Vivemos um momento em que a humanidade parece estar sendo testada em sua capacidade de lidar com o mal, representado por terrorismo, vandalismo, espancamentos gratuitos, ganância desenfreada de algumas empresas, e por aí vai. Este é o momento para que as pessoas se organizem em comunidades, não somente segundo o local geográfico em que estão, mas também (e principalmente) segundo ideais espirituais.

Segundo um autor russo chamado Sergei Prokofieff, “quando seres humanos se unem em liberdade em torno de uma base puramente espiritual, eles podem provocar não apenas um incremento, mas uma potenciação das forças do bem no mundo, o que não é possível da mesma forma no caso de uma pessoa isolada.” (in O Encontro com o Mal).

Neste sentido, muitas comunidades têm se formado na internet, com pessoas de diferentes pontos do mundo, mas com sintonia de ideais, nem sempre bons, é verdade. Participar, não se isolar, formar laços, isto é o que precisamos realizar para trazer o BEM para o centro da mesa.