As coisas simples da vida

A Universidade de Nottingham fez um estudo acerca das coisas simples da vida, aquelas coisas que trazem felicidade às nossas vidas e daqueles que nos rodeiam.

Poderia chegar-se à conclusão que a felicidade estava relacionada com o dinheiro, ou seja, quanto mais dinheiro tivermos e gastarmos, mais felizes seremos. No entanto, as conclusões foram exactamente as contrárias. As coisas mais simples da vida são gratuitas ou custam pouco dinheiro.

Exemplos dessas coisas simples são:

* Barras de chocolate
* Longo banho de imersão
* Dormir uma sesta a meio da tarde
* Um passeio no parque

Descobriram também que além de nos fazerem mais felizes, estas experiências são mais duradouras e têm maior impacto na sensação de bem-estar com a vida.

Provavelmente daqui a vinte anos, quando se lembrar que tinha um telemóvel de última geração, não irá ter nenhum sentimento especial e talvez nem esboçar um sorriso, porque são experiências materiais que passam assim que o factor novidade desaparece. Por outro lado, irá com certeza lembrar-se para toda a vida, de algumas conversas que teve com os seus familiares ou amigos, como por exemplo a notícia de um nascimento ou de um jantar especial.
As coisas simples da vida e o dinheiro

Uma das comparações que foi feita neste estudo analisou o nível de felicidade entre um grupo de vencedores de jackpot na lotaria com um outro grupo normal. Foi usada uma escala de satisfação com a vida (desenvolvida pela Universidade de Illinois).

Aos inquiridos foi perguntado como se definiam nestas escaladas em relação aos vários aspectos da sua vida, qual a disposição demonstrada e como tratavam do sentimento interiormente.

A surpresa dos resultados demonstrou que não eram os carros topo de gama e as jóias que aumentavam o nível de felicidade dos novos milionários. O que lhes traziam mais alegria era ouvir música, ler um livro ou beber uma garrafa de vinho num ambiente descontraído.

No estudo, os vencedores da lotaria eram mais felizes que o outro grupo de controlo, 95% comparado com 71%. Então as Universidades estudaram que tipo de presentes eles davam a si próprios que pudessem explicar esta diferença. Compararam actividades gratuitas, como passeios e sestas, com actividades caras como viagens ao estrangeiro.

A investigação demonstrou que, nos dois grupos, as pessoas mais felizes eram as que faziam as coisas simples da vida, como nadar e tomar banhos de imersão. As pessoas menos felizes eram aquelas que utilizavam o dinheiro para comprarem frequentemente muitos DVDs ou muitos jantares fora de casa.
Conclusões do estudo das coisas simples da vida

Algumas das conclusões do estudo foram:

* Comprar carros de luxo ou deixar de trabalhar e fazer uma viagem para paragens exóticas, não está ao alcance da maioria das pessoas, por isso devemos aprender os pequenos truques simples da vida com as pessoas que se consideram mais felizes na sociedade.
* Passar tempo a relaxar é o segredo para uma vida feliz. São as coisas simples da vida, que não custam dinheiro mas que causam maior impacto e que fazem diferença na nossa vida. Mesmo que não tenhamos dinheiro para as coisas materiais que desejamos.

Crianças e TV

Josy Fischberg, O Globo

RIO – Os pais podem dar a definição que quiserem para a televisão: babá eletrônica, janela para o mundo, mal necessário, praga, inimiga – isso só para citar algumas. Mas todos eles ainda estão longe de respostas concretas quando tentam definir “certo” e “errado” na programação que seus filhos vêem. Bia Rosenberg, que dirigiu e escreveu atrações para o público infanto-juvenil na TV Cultura há mais de duas décadas, ouviu, por anos, perguntas, questões e dúvidas de gente grande preocupada com gente pequena em frente à televisão. Juntou tudo e o resultado é o livro “A TV que seu filho vê” (Panda Books), lançado semana passada.

Estão ali alguns dos motivos que levam as crianças a verem televisão (hábito, escapismo, companhia, aprendizado, fantasia); verdades e mentiras sobre a TV (engorda? estimula o consumo? programas violentos podem afetar a forma como a criança compreende a vida?); como se vê TV em cada etapa da infância; o que fazer com crianças que consomem programação para adultos; entre outros.

A seguir, alguns trechos do livro:

“A partir dos 7 anos, as crianças começam a interessar-se pela programação adulta. Se seu filho assiste a minissérie carregadas de conotações sexuais ou a filmes de ação exibidos após as 22h, se ele gosta de ver telenovelas de fim de tarde, como adulto você vai negociar uma mudança de hábitos com ele. Ou, alternativamente, vai começar a ver com seu filho aos programas que ele gosta, para poder atuar como orientador (…)”

”Para que seu filho se torne um telespectador moderado e consciente, você também precisa ser. Não adianta propor a seu filho atitudes e mudanças em relação à TV se você nâo adotar os mesmos critérios de consumo equilibrado. A melhor dieta de TV para seu filho pode resumir-se apenas a dar o exemplo”.

”(…) o bom programa é aquele que diverte e, sempre que possível, introduz conceitos que completam a formação da criança. O programa de qualidade é aquele que é atraente para seu filho e ao mesmo tempo o ajuda a crescer, compreendendo melhor a si mesmo ou ao mundo”.

”De acordo com a Associação Norte-Americana de Pediatria, cada hora de programação infantil contém aproximadamente vinte atos violentos. Segundo outra estatística norte-americana, quem chega à idade de 12 anos terá visto na TV aproximadamente 20 mil assassinatos e 80 mil mortes de origens variadas”.

O futuro é gestado agora

“Sua majestade sabe tão bem quanto eu que o futuro é grávido de muitas eventualidades que ele pode parir. E não é impossível ouvir algumas delas movendo-se no útero do tempo. Mas apenas a situação do momento decide qual dos embriões é viável e vai amadurecer.”

Marguerite Yourcenar, A Obra em Negro

Desistência de adoção vai parar na Justiça

RIO – Em janeiro deste ano, João (nome fictício), de 5 anos, voltou a viver no Educandário Romão de Mattos Duarte, no Flamengo. Por cerca de um ano e meio ele esteve sob a guarda provisória de um casal de estrangeiros residente no estado do Rio que, após o longo período de convivência, desistiu de adotar o menino. O caso é o pano de fundo para uma iniciativa, inédita no estado, da Coordenadoria de Defesa de Direitos da Criança e do Adolescente (Cdedica) da Defensoria Pública: a responsabilização judicial de pessoas que devolvem as crianças após um longo processo de adoção.

– Nossa intenção não é desestimular a adoção, mas sim alertar para a importância desse processo ser realizado com responsabilidade. A criança não pode ser tratada como se fosse um objeto – diz a coordenadora da Cdedica, Simone Moreira.

Num levantamento preliminar feito nas últimas semanas, a equipe de defensores da Cdedica já conseguiu levantar 14 casos, ocorridos nos últimos 12 meses, de crianças devolvidas durante o processo de adoção. Seis deles já estão em avançado estágio de elaboração de ações de responsabilidade civil contra as pessoas que desistiram. A Defensoria Pública irá cobrar na Justiça indenizações por danos morais e materiais, e o foco está voltado contra aqueles que demoraram mais tempo para tomar uma decisão.

– Estamos analisando caso a caso. Há situações em que é razoável a alegação de falta de adaptação, mas isso precisa ser detectado logo. Não dá para esperar, um, dois anos, e devolver a criança, que já se sente com o status de filho. Essa rejeição provoca danos psicológicos profundos – complementa Simone.

A vida de Hahnemann – A Família

Avô paterno: Christoph Hahnemann, era pintor de porcelana, tinha um irmão chamado Christian Hahnemann. Viveu em Lauchstedt, na Saxônia, onde chegou em 1707. Era uma cidade muito pequena, com cerca de 1000 habitantes, de hábitos rurais, que servia como local de veraneio dos Duques da Saxônia. Eles eram pessoas destacadas na cidade. Ele teve sete filhos, 3 meninos e 4 meninas. Christoph e seu irmão, por serem pintores de porcelana e aquarelistas, mudaram-se para Meissen para trabalhar na Manufatura Real de Porcelana, como pintores decorativos. Esta foi a profissão também seguida pelo pai de Hahnemann.

Pai: Christian Gottfried Hahnemann, nasceu em Lauchstedt, em 24 de julho de 1720, onde viveu por 14 anos. Casou-se aos 28 anos com Johanna Eleonora Deeren, filha única do alfaiate da corte, em 1748, em Meissen, onde também era pintor de porcelana. Nove meses após casado, sua esposa morreu após dar a luz a gêmeas, sendo que uma nasceu morta e a outra morreu após nove meses. O pai de Hahnemann torna-se um homem fechado, carrancudo, viúvo aos 29 anos. Em 1750, casou-se novamente, com Johanna Christiana Spiess. Compra uma casa grande em Meissen e leva uma vida próspera. Escreveu um pequeno livro sobre aquarela. Também seu irmão mais novo era pintor de porcelana. Tinha um lema e o ensinou aos filhos: “Ser e agir sem ostentação.”

Mãe: Johanna Christiana Spiess, era filha única de um capitão que estava temporariamente prestando serviço em Meissen.

O sentido do mundo

por Klaus Manhart
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Tomado de paixão pela encantadora princesa Europa assim que a viu colhendo flores na praia, o deus grego Zeus elaborou um astuto plano. Transformado em touro, Zeus se aproximou dela e deixou-se acariciar. O touro parecia tão amigável que Europa subiu em seu dorso. O animal então avançou para o mar, levando a moça. Após chegarem a uma praia longínqua, Zeus transformou-se novamente em um jovem e prometeu proteger Europa em sua nova terra, batizada com o seu nome. O ardil funcionou e o casal teve três filhos.

Parece que os gregos apreciavam intrigas e peripécias. O enevoado Monte Olimpo era uma espécie de mundo melodramático. Os deuses que aí habitavam armavam ciladas uns contra os outros e sempre demonstravam fraquezas, particularmente em relação à beleza do sexo oposto. Para alcançar seus interesses, formavam alianças, lutavam e até matavam.

Estavam longe de ser perfeitos. Suas características humanas ajudam a explicar por que os mitos da Grécia antiga ainda nos satisfazem: se os deuses apresentam falhas humanas, então os homens podem se persuadir de que são capazes de ser como os deuses.

Mas isso não basta. Por que é tão fácil aceitar essa mitologia? Em parte, porque certas funções de nosso cérebro insistem em impor ordem e propósito nas coisas que o cercam e que, de outra forma, seriam enigmáticas. Por mais racionais que tentemos ser, nossos cérebros não podem resistir ao ímpeto de adotar relatos metafísicos.

Explicando o inexplicável
Os mitos são muito mais do que melodramas. As culturas antigas usavam essas histórias fabulosas para explicar os misteriosos fenômenos naturais que determinavam sua existência. Os egípcios invocavam centenas de divindades que controlavam o destino do rio Nilo e de seus povos. As águas do rio e as cheias anuais presidiam suas idéias sobre a criação, a morte e o renascimento. Segundo as crenças da época, quando a vida surgiu o oceano primordial Nun ocupava todo o Universo. Assim como os deuses criaram a vida com as águas do Nun, as cheias do Nilo fertilizaram as terras habitadas por maravilhosos animais e plantas.

As formas iniciais de práticas religiosas e espirituais datam de pelo menos 40 mil anos atrás, período que muitos pesquisadores associam à emergência do comportamento humano moderno. Várias pinturas de cavernas e escavações do período sugerem que esses povos acreditavam em poderosas forças sobrenaturais passíveis de serem invocadas em seu favor. Baseados em descobertas feitas em sítios arqueológicos como o de Qafzeh, em Israel, pesquisadores apontam que os humanos anatomicamente modernos realizavam funerais e outros ritos em período ainda mais remoto, há mais de 90 mil anos. Outros pesquisadores sustentam que os neandertais também desenvolveram um sistema de mitos e crenças religiosas.

É claro que há enorme variação entre os sistemas míticos de diferentes culturas humanas, mas todos oferecem respostas às mesmas questões fundamentais. Foi essa a conclusão alcançada pelo mitólogo americano Joseph Campbell antes de morrer em 1987. Durante décadas, Campbell pesquisou os motivos comuns de inúmeras lendas e religiões de sociedades antigas e modernas, incluindo gregos, romanos, egípcios, asiáticos e nórdicos.

Campbell apontou a existência de três atributos. Em primeiro lugar, o mito envolve uma questão existencial sobre a morte e o nascimento ou criação do mundo. Em segundo lugar, o mito contém enigmas suscitados por contradições insuperáveis: criação e destruição, vida e morte, deuses e homens. Por fim, o mito tenta reconciliar esses pólos opostos e assim atenuar nossos temores.

Histórias necessárias
Com o tempo, os relatos míticos passaram a fazer parte das crenças e religiões, influenciando, ainda hoje, o modo como os povos vivem e compreendem o mundo. Esse saber tradicional é parte de nossa cultura, razão pela qual ele ainda persiste, mesmo em sociedades progressistas e tecnológicas.

Mas talvez isso não seja tudo. No final da década de 90, o radiologista e pesquisador da religião Andrew Newberg e o psiquiatra Eugene G. d’Aquili, ambos da Universidade da Pensilvânia, começaram a estudar as fontes cerebrais dos sentimentos religiosos. Em 2001, Newberg publicou inovadores resultados (D’Aquili falecera) baseados no monitoramento da atividade cerebral de monges em meditação e de freiras franciscanas em prece.

Quando as pessoas estudadas estavam em estado de profunda contemplação religiosa, os pesquisadores registraram atividade drasticamente reduzida numa parte específica do lobo parietal. Essa região é responsável pela orientação espacial e pelo senso do próprio corpo: é ela que nos torna consciente de onde nosso corpo termina e o resto do mundo começa, permitindo assim a clara distinção entre nós e todo o resto.

Newberg e D’Aquili postularam que os sentimentos religiosos têm base neurológica, pois a ausência de bombardeamento neuronal na região parietal parecia associada à sensação de êxtase espiritual. Eles concluíram que o impulso religioso – o anseio de experiência metafísica – estava inscrito no cérebro.

Alguns pesquisadores apontam que os mitos podem ter outro fundamento biológico. Humanos, ao contrário dos animais, têm capacidade de abstração, o que permite antecipar ameaças. As respostas fisiológicas do medo podem ser desencadeadas simplesmente mediante a representação de um perigo, que prepara o corpo para “lutar ou fugir”. Essa capacidade também permite a atribuição de sentido ao sofrimento e à morte. Por exemplo, podemos raciocinar que vale a pena suportar a dor causada por uma vacina, já que os benefícios de jamais contrair a doença compensam.

Reunindo essas observações, D’Aquili cunhou o termo “imperativo cognitivo” para descrever essa função do cérebro de dar significado às coisas. Temos um desejo de ordem e sentido que é biologicamente condicionado. Diante de qualquer situação ou processo, não podemos deixar de atribuir-lhes algum propósito. Os fisiologistas Michael E. McCullough, da Universidade de Miami, e David B. Larson (recentemente falecido), então no Instituto Nacional para Pesquisa em Saúde, estenderam esse conceito ao que chamaram de anseio ontológico: a necessidade de compreender a natureza fundamental do mundo em vez de simplesmente aceitá-la como é. Segundo essa hipótese, o imperativo cognitivo força nosso cérebro a pensar incessantemente, de tal forma que não podemos deixar de elaborar relatos e mitos que expliquem os mistérios que nos rodeiam.

Causa e efeito cósmicos
A capacidade de construir explicações para os fenômenos é chamada por Newberg de “operador causal”. Trata-se de uma das oito funções analíticas gerais do cérebro, que Newberg e d’Aquili denominaram “operadores cognitivos”. Quando um operador está ativo, várias regiões do cérebro são envolvidas. Juntos, os oito operadores regulam o funcionamento da mente humana. Embora ainda controverso, esse esquema ganha aceitação cada vez maior.

O operador causal interpreta a realidade como uma cadeia de causas e efeitos. Se a campainha está tocando, provavelmente alguém está na porta. Se chover, a rua ficará molhada. Estimula a curiosidade, nos motivando a decifrar os mistérios e permitindo que elaboremos explicações empíricas para os processos naturais. Mas o operador também tenta criar relações de causa e efeito para enigmas metafísicos como a morte e a criação do Universo. As pessoas que sofrem de certos tipos de lesão no cérebro não conseguem vincular nem mesmo os eventos mais simples às suas causas.

Os outros sete operadores cognitivos proporcionam contexto para o operador causal. O operador holístico permite que percebamos o mundo como um todo. Graças a ele, compreendemos imediatamente e sem esforço que uma configuração de folhas, troncos e galhos constitui uma árvore. A atividade no lobo parietal direito é a base desse operador. O operador reducionista funciona de modo inverso, permitindo a decomposição do todo em suas partes componentes. Sua base é o hemisfério esquerdo, mais analítico. O operador de abstração deriva conceitos gerais de fatos individuais, possibilitando, por exemplo, que classifiquemos bassês, pastores e cockers em uma única categoria: cães. Estudos recentes de imageamento indicam que essa função está baseada no lobo parietal esquerdo.

O operador existencial nos dá a sensação de que os dados provenientes dos sentidos e processados pelo cérebro têm base na realidade. Essa função está, provavelmente, baseada no sistema límbico. O operador emocional também fica nessa parte: vincula as percepções aos sentimentos e constitui a base de nossa capacidade de pensar e julgar racionalmente.

O operador quantitativo avalia tamanho, quantidade, tempo, distância e calcula matematicamente. O operador binário nos ajuda a impor ordem aos mais variados fenômenos do meio circundante, medindo o espaço e o tempo por meio de noções opostas: em cima e embaixo, direita e esquerda, dentro e fora, antes e depois. Esse operador está localizado no lobo parietal inferior; pacientes com lesões nessa área não podem identificar os opostos de palavras ou objetos.

Para Newberg e D’Aquili, o operador binário desempenha papel crucial na formação e persistência dos mitos. Além de nos ajudar a reduzir a complexidade das situações, fornece uma heurística simples e rápida para nossa orientação ao elaborar os elementos centrais do mito: bem e mal, nascimento e morte, céu e terra, isolamento e integração.

Expandindo a conexão entre operadores cognitivos e sistemas de crença, Newberg e outros pesquisadores sustentam que certas áreas do cérebro cumprem papel fundamental na experiência religiosa. Embora essa perspectiva ainda seja controversa, parece claro que a capacidade de pensar por meio das noções de causa e efeito seria impossível sem uma determinada estruturação funcional do lobo parietal. Provavelmente, os seres humanos procuram explicações para os mistérios do mundo simplesmente porque o cérebro tem essa capacidade.

O autorO autor

Klaus Manhart é sociólogo, filósofo da ciência e escritor free-lance em Munique.
– Tradução de Alexandre Massella

Para conhecer mais
O poder do mito. Joseph Campbell, Palas Atena, 1993.

Cerebral blood flow during meditative prayer: preliminary findings and methodological issues. Andrew Newberg et al., em Perceptual and Motor Skills, vol. 97, no 2, págs. 625-630, 2003.

A Vida de Hahnemann – Introdução

A vida de Hahnemann comporta algumas peculiaridades que devem ser observadas antes de descrevê-la pormenorizadamente. Em primeiro lugar, Hahnemann viveu mais de 88 anos, o que era extremamente raro no século XVIII. Ele nasceu em 1755 e faleceu em 1843, tendo passado a maior parte deste tempo na Alemanha, que não era um país unificado, mas um amontoado de cidades-estado que freqüentemente enfrentavam-se em disputas de poder, e que depois foram todas dominadas por Napoleão e seu exército. Nos últimos anos de sua vida ele desfrutou da fama e expandiu o nome da Homeopatia em Paris, à época a cidade mais importante culturalmente no mundo, o farol para onde todas as mentes em busca de conhecimento e novidades voltavam-se avidamente.

Esta é a história de um homem que criou uma ciência de curar eficaz, rápida e segura, partindo unicamente de fatos, os quais ele observava atentamente para só depois deles extrair hipóteses e teorias. É a história de um homem obstinado, quase arrogante, que não se curvou ao senso comum nem para evitar a fome sua e de sua numerosa família. Um homem que defendeu arduamente o ideal de curar sem prejudicar, contra uma classe médica irada que não podia aceitar que este médico de origem humilde fosse ensinar-lhes uma nova arte e ciência de curar. Um homem que até seus últimos dias cuidou de aprimorar seu legado maior à Humanidade, a Homeopatia. Hoje a Homeopatia sobrevive e expande-se pelo mundo todo, mas nada disso teria ocorrido se seu visionário fundador tivesse sido mais complacente com seu pares da época. O ódio que os seus opositores lhe nutriram abertamente em vida, hoje foi amplamente sobrepujado pelo amor e gratidão de milhões de médicos homeopatas e pacientes beneficiados pela Homeopatia.

Eu sou grato em primeiro lugar por ser um médico homeopata e, em segundo lugar, por ter tido a oportunidade de fazer este estudo da vida deste grande mestre da humanidade, um homem muito à frente do seu tempo, talvez à frente até do nosso tempo, que captou a essência da matéria e a entregou a nós todos de forma metódica para que possamos perpetuar seu trabalho de trazer saúde verdadeira a nossos irmãos e irmãs que sofrem as mais diferentes mazelas do corpo e da alma. Em sua lápide ele mandou escrever: Non inutilis vixi (Não vivi em vão). Como se houvesse alguma dúvida… Muito obrigado, Christian Friedrich Samuel Hahnemann.

Como Adotar uma Criança

A maioria dos brasileiros não tem conhecimento dos caminhos corretos para a adoção. Mais de 37% procurariam uma criança em maternidades e em hospitais e 28% pesquisariam em abrigos. Apenas 35% das pessoas recorreriam ao local adequado – as Varas da Infância e da Juventude em todo o país.

Os dados fazem parte da pesquisa Percepção da População Brasileira sobre a Adoção, divulgada ontem pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e que faz parte da segunda etapa da campanha “Mude um Destino”.

Principais Dúvidas

O site do Projeto Recriar registra as principais dúvidas sobre adoção. Veja algumas das respostas

Quem pode adotar?

Pessoas maiores de 21 anos, solteiras, casadas, separadas, viúvas, ou que convivam maritalmente, padrastos e madrastas, desde que sejam pelo menos 16 anos mais velhos do que a criança ou adolescente. Avós e irmãos da criança não podem adotar, mas podem pedir a guarda ou tutela da criança ou adolescente na Vara de Família.

Onde e como se pode recorrer à adoção?

A única maneira permitida por lei para se adotar uma criança ou adolescente é fazendo solicitação junto à Vara de Adoção (Juizado da Infância e Juventude).

É caro adotar uma criança ou adolescente?

Não. Todo o processo de adoção do Juizado da Infância e Juventude é gratuito.

É perigoso receber uma criança diretamente da mãe biológica ou de terceiros, sem a intervenção do Juizado da Infância e Juventude, com a finalidade de criá-la?

Sim. Muitas vezes pessoas inescrupulosas usam esse artifício para extorquir e chantagear as pessoas que de boa-fé receberam a criança.

Pode-se registrar uma criança como filha sem recorrer ao Juizado da Infância e Juventude?

Não, isso é ilegal. É crime punível com reclusão de dois a seis anos (artigo 242 do Código Penal). O registro em cartório pode ser cancelado a qualquer momento, dando aos pais biológicos o direito de recorrer à Justiça para reaver o(a) filho(a).

Concluída a adoção, existe a possibilidade de os pais adotivos perderem a criança para os pais biológicos?

Não. A adoção concedida pelo juiz não tem volta e garante ao filho adotivo os mesmo direitos do biológico, inclusive os de nome e herança.

Fonte:

www.projetorecriar.org.br

A Complicada Arte de Ver

>> Esta é a razão de ser da Terapia Biográfica: enxergar a vida com outros olhos, olhos de ver.

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”. Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. “Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”. Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas”.

Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…


O texto acima foi extraído da seção “Sinapse”, jornal “Folha de S.Paulo”, versão on line, publicado em 26/10/2004.

Tecendo o Fio do Destino

“Destino?

Agulha no palheiro

onde o homem se procura

O tempo inteiro”

Lindolfo Bell

A Escola do Vale, em Duas Barras (RJ) convidou-me para realizar este seminário para suas professoras e iniciamos no sábado, 16 de fevereiro de 2008, às 14h. O próximo encontro será dia 15 de março, às 14h.

Novo grupo no Rio de Janeiro, começando no dia 10 de maio de 2008, sábado, às 14h, à Rua Pereira da Silva, 135, Laranjeiras. INSCREVA-SE JÁ!

PALESTRA INTRODUTÓRIA GRATUITA NO DIA 3 DE MAIO DE 2008, ÀS 9H.

Cada um de nós nasce com um destino, não como um livro previamente escrito em que cada ato nosso está previsto, mas como uma missão a nós confiada. Isto faz com que a vida tenha um sentido e, muitas vezes, sofremos com angústia ou depressão por não percebê-lo claramente. Os fatos de nossas vidas estão aí para que encontremos o Fio do Destino que, junto com o nosso livre arbítrio, tece os acontecimentos tanto no nosso mundo interior quanto na nossa vida nas comunidades em que vivemos.

Este curso tem o objetivo de buscar o fio do destino de cada um, desembaraçá-lo, tecê-lo de forma diferente, mais confortável, mais de acordo com o sentido que queremos dar para nossas vidas. Para isso trabalharemos com fatos de nossas próprias vidas. Este trabalho será feito com palavras e arte, como aquarela, modelagem em argila, tricô, desenho, contos de fadas, vídeos, teatro, etc. Ninguém precisa ser artista para participar, é claro.

Muitas das questões que nos colocamos hoje são percebidas de modo diferente quando as situamos no contexto mais amplo da vida toda. A troca de experiências de vida num grupo é enriquecedora e suaviza os sentimentos ligados a essas experiências.

O curso será coordenado por Marcelo Guerra, Médico Homeopata, Terapeuta Biográfico em formação. Terá a duração de 10 encontros mensais e um novo grupo começará no Rio de Janeiro, a partir de 10 de maio de 2008. O investimento para cada módulo será de R$100,00 (já incluído o material). As vagas são limitadas e as inscrições e mais informações podem ser obtidas pelos telefones (21)3717-5215, (22) 8112-4983 ou pelo e-mail marceloguerra@terapiabiografica.com.br

Cada um hospeda dentro de si uma águia. Sente-se portador de um projeto infinito. Quer romper os limites apertados de seu arranjo existencial. Há movimentos na política, na educação e no processo de mundialização que pretendem reduzir-nos a simples galinhas, confinadas aos limites do terreiro. Como vamos dar asas à águia, ganhar altura, integrar também a galinha e sermos heróis de nossa própria saga? (Leonardo Boff)