Walt Whitman
Categoria: arte
A alma do homem
É como a água:
Do céu vem,
Ao céu sobe,
E de novo tem
Que descer à terra,
Em mudança eterna.
Corre do alto
Rochedo a pino
O veio puro,
Então em belo
Pó de ondas de névoa
Desce à rocha lisa,
E acolhido de manso
Vai, tudo velando,
Em baixo murmúrio,
Lá para as profundas.
Erguem-se penhascos
De encontro à queda,
— Vai, ‘spumando em raiva,
Degrau em degrau
Para o abismo.
No leito baixo
Desliza ao longo do vale relvado,
E no lago manso
Pascem seu rosto
Os astros todos.
Vento é da vaga
O belo amante;
Vento mistura do fundo ao cimo
Ondas ‘spumantes.
Alma do Homem,
És bem como a água!
Destino do homem,
És bem como o vento!
Johann Wolfgang von Goethe, in “Poemas”
Tradução de Paulo Quintela
POEMA SOBRE A PÁSCOA
Novalis (Friedrich von Hardenberg) 1772-1801
Eu digo que ele vive, a toda gente,
e que ressuscitou,
e que junto de nós e para sempre
pairando ele ficou.
Eu digo, e todos vão também dizer,
aos companheiros seus,
que em breve em toda parte vai nascer
novo reino dos céus.
Perante um novo modo de sentir,
o mundo reaparece;
e a vida nova em nós a ressurgir
da mão dele é que desce.
Vejo o terror da morte mergulhar
no fundo mar escuro,
e toda gente agora a contemplar
com calma seu futuro.
A vereda sombria que ele abriu
para o céu é que vai,
e quem os seus conselhos já ouviu
chega à casa do Pai.
Agora, ao ver morrer alguém querido,
sofremos sem temor.
Saber que o reencontro é concedido
suaviza essa dor.
Com muito mais fervor vamos agir
nos feitos mais singelos,
pois essa sementeira vai florir