Mais que lembranças congeladas

No Dia da Fotografia, reflita como suas fotos dizem muito sobre você

Marcelo Guerra

É comemorado no dia 8 de janeiro o Dia da Fotografia. Cada foto sua é um espelho de um certo momento. Ela não se resume à imagem, mas evoca sentimentos, pensamentos, insights. Um álbum de fotografias é um resumo de nossos encontros, das nossas viagens, das festas que participamos, até mesmo de nossa vida religiosa.

Se você acompanha um grupo de fotografias de seus aniversários, por exemplo, poderá perceber que algumas pessoas estão sempre presentes, mesmo que nas fotos não estejam tão próximas a você. Outras pessoas aparecem em um determinado ano e permanecem por pouco tempo, mas de forma muito marcante.

Algo importante a se perceber nas fotos são os olhos. Eles podem revelar tristeza, entusiasmo, apreensão. Numa sequência de fotos suas, em diferentes idades, o que você percebe nos seus olhos?E o que você percebe nos olhos das pessoas ao seu redor numa foto?

PADRÕES REPETITIVOS

Na Terapia Biográfica lançamos mão das fotos, principalmente num workshop chamado “Retratos da Vida”. Nele, observamos as fotos inicialmente tentando deixar de lado o peso dos sentimentos a elas vinculados, prestando atenção a algum padrão repetitivo, como a posição do corpo, ou de alguma parte dele. Muitas vezes, as pessoas aparecem sempre numa mesma posição nas fotos, com a cabeça inclinada para um lado, com as mãos fechadas, com as mãos na cintura, olhando diretamente para a câmera, ou desviando o olhar da câmera. Não há interpretação desses padrões, somente o tomar consciência e buscar correlacionar com outras situações da história de cada um. Neste workshop pedimos que os participantes façam uma colagem com as fotos, e a forma como essas fotos são arrumadas na colagem são muito significativas.

As fotos podem contar a história da busca espiritual de uma pessoa. Não raro as pessoas levam fotos de eventos religiosos importantes para suas vidas, como batizado, primeira comunhão, casamento. É também muito importante observar como a relação de uma pessoa com a natureza pode evidenciar-se nas fotografias. Algumas pessoas levam montes de fotos na praia, em meio a flores, animais. Outras, paisagens urbanas predominam nas suas fotos.

LEMBRANÇAS ESPECIAIS

As fotos podem ser lembranças congeladas, mas é o seu olhar sobre elas que faz com que voltem a viver com força dentro de nós todos os sentimentos vividos então, e revelam muito de quem você é. Mais importante ainda, as fotos revelam sempre algo diferente a nosso respeito a cada vez que as contemplamos. A força latente nas fotos é um dos mais preciosos recursos de que dispomos para acessar a história da vida de uma pessoa e, por isso, são valiosíssimas na Terapia Biográfica.

Artigo originalmente publicado na Revista Personare.

Ano novo, a vida é a mesma, mas pode ser reinventada.

Marcelo Guerra


O início do ano é uma época propícia para as resoluções que trazem um nova forma de ver o que estamos fazendo e o que podemos fazer para que sejamos mais felizes. Costumamos mergulhar nas nossas rotinas e os problemas cotidianos não permitem que olhemos além da superfície de nossas vidas.

Um ditado antigo diz ‘Ano novo, vida nova’. A rigor, a sua vida muda a cada minuto, mas os fatos que a preenchem seguem um sentido se os observarmos no contexto da sua própria história. É preciso olhar para trás e para dentro de si antes de dar um passo mais ousado para a frente. Agir em concordância com o sentido da própria vida lhe proporcionará segurança em seus passos ao longo da vida. E esta segurança pode ser percebida como uma sensação de realização, de dever cumprido. Vivemos sob pressões e demandas que surgem de todos os lados, do trabalho, da família, dos amigos. Ter consciência de que está agindo conforme o seu destino, que se manifesta pelo sentido da sua biografia, fará com que você possa estar consciente, em cada situação, de quais ações podem ser coerentes com o sentido da sua história, e quais destoam completamente.

No fim das contas, como em tudo na sua vida, a decisão só cabe a você tomar. Contudo, quando você age de acordo com o sentido de sua história, é como um trem que anda no trilho, seguindo um fluxo natural, sem dor ou arrependimentos, progredindo no seu ritmo. Fora do sentido, esbarramos na depressão e na angústia.

O Panorama Biográfico é um trabalho da Terapia Biográfica de base Antroposófica, em que cada participante pode rever a sua história sob um ponto de vista do todo até o momento presente. Esta visão panorâmica de sua biografia lhe permite perceber o sentido que permeia e organiza os fatos mais importantes que você viveu. Conhecer este sentido é o primeiro passo para planejar os seus próximos passos de uma maneira coerente com ele. O sentido é o fruto de nossas aspirações mais profundas. Este é um trabalho cujo maior benefício é poder planejar o futuro de acordo com ‘quem sou eu’ ao invés de ‘li um livro que diz que devo ser assim’. Reconhecer suas qualidades únicas e trabalhar o seu desenvolvimento a partir delas é o objetivo do Panorama Biográfico.

Há uma música grega, chamada Menousis, que é dançada de diferentes maneiras, mas em todas elas, são dados vários passos para a frente e, após um passo mais amplo que fica incompleto, é feito pelo menos um para trás, numa imagem do olhar para a própria biografia para, com passos seguros, poder avançar para um futuro melhor.

Publicado originalmente na Revista Personare.

Você gosta de Natal em família?

Marcelo Guerra

Reflita se você escolhe onde passar essa data por prazer ou obrigação

Fim de ano, época de festas, confraternizações, alegria e, para muitos, aborrecimentos. Os dias que antecedem o Natal trazem a necessidade de tomar decisões aparentemente triviais, mas que podem trazer problemas para o próximo ano inteiro. Decidir que presente vai dar para quem talvez seja o mais fácil de resolver. Decidir onde vai passar a noite de Natal e o almoço de Natal é a decisão mais arriscada, principalmente para adultos que já construíram uma nova família, além de sua família original.

Tradicionalmente o Natal é considerado como a festa para se passar em família. É aí que entra a questão: qual família? A que você construiu pelo casamento ou morando com alguém? A família em que você nasceu e foi criado? A família da pessoa com quem você construiu uma outra família? Quem não casou não está isento desse conflito, porque muitas vezes os amigos formam um grupo tão ou mais coeso que uma família, e nessa hora esse grupo também entra no rol de possibilidades.

Há alguns momentos dessas 48 horas (dias 24 e 25) que são mais importantes que os outros? Ou seja, há um horário nobre do Natal? A maioria das pessoas tende a considerar a noite de 24, até a meia-noite, como a apoteose da festa. Por conta disso, este é o momento mais crucial para decidir.

Um exemplo comum é o de um casal com filhos cujos pais são vivos. Vão passar o Natal em sua própria casa, com seus filhos? Vão para a casa dos pais do marido? Para a casa dos pais da esposa? Vão juntar todo mundo? Vão passar a noite de 24 com os pais de um e o almoço de 25 com os dos outro? E os cunhados e cunhadas, vão poder ajeitar seu horário de forma que coincida com os seus?

Decisão difícil… O difícil não é decidir onde você vai passar a noite de 24, mas onde vai deixar de passar. Cobranças, reclamações, mágoas… Prepare-se, elas virão de algum lugar.

Por que muitos de nós precisam sentir-se prestigiados pela escolha dos filhos em passar a noite de Natal em nossa casa? O que representa um filho não vir para a noite de Natal? Ele me ama menos? A família em que ele foi criado é menos importante para ele do que a família que ele construiu? Por que me sinto menos por ele não vir na noite de Natal? Por outro lado, por que sinto mais obrigação do que prazer em passar o Natal com os meus pais ou os meus sogros? Por que sinto tanto medo de magoar?

Mágoas guardadas

Como em todo relacionamento, a dificuldade de comunicação é um pedregulho no sapato. Deixamos de falar o que pensamos e, principalmente, o que sentimos, com medo de magoar, com medo de ser mal interpretados. Muitas vezes, pequenos problemas que não são falados, vão crescendo dentro de nós até o dia em que ou explodimos ou evitamos o contato. Numa data como o Natal, na qual as pessoas podem sentir-se obrigadas a estar juntas, é natural que esses sentimentos e mágoas que carregamos no bolso do coração entrem em ebulição novamente, causando mal estar. Sem dúvida, este não é o melhor momento para trazer à tona assuntos tão delicados que vêm sendo escondidos ou cultivados com pitadas de ressentimento, raiva, incompreensão, intolerância. Porém é possível dizer o que você sente em relação a uma situação que se apresente no momento, tomando o cuidado para não contaminar com as mágoas escondidas. Expressar o que você sente é o primeiro passo para estabelecer ou melhorar uma relação familiar. Não confunda expressar seus sentimentos com o muro das lamentações! Dizer o que você sente não lhe exime das suas responsabilidades em tudo o que lhe acontece, quer dizer, a culpa do que lhe acontece de errado não está nos outros.

Construímos nosso destino com aquilo de que dispomos, com o dinheiro que ganhamos, com o DNA que herdamos, com a educação que recebemos, com os amigos que fazemos. Seguimos (ou não) um mapa inconsciente que desenhamos com o nosso eu interior, e que mostra para onde apontam nossos propósitos e intenções mais profundos. Se ignoramos o mapinha e vamos para onde o mar da rotina e do conformismo nos leva, isto é nossa responsabilidade e não devemos acusar os outros por isto.

Voltando ao Natal, para sua decisão, busque aquilo que lhe é possível neste momento, mas procure perceber aquilo de positivo que traz união à sua família. E expresse o que você sente, seja por palavras, por um abraço, um tapinha nas costas, um sorriso. O espírito de Natal, afinal, é constituído pela união de nossos corações.

Feliz e expressivo Natal! Paz em seu coração!

Artigo publicado originalmente na Revista Personare.


Casa e Família

Você gosta de Natal em família?

Reflita se você escolhe onde passar essa data por prazer ou obrigação

Pesquisa autobiográfica em São Paulo, outubro de 2010

A Pesquisa Auto-Biográfica permite olhar para a própria história e expressá-la de diferentes maneiras (falando, escrevendo, pintando, dançando), ver o trajeto que percorremos na vida, como se olhássemos para a própria biografia do alto de uma montanha, o que traz uma visão panorâmica do sentido. E agora, para onde vou? Como corrijo o percurso para reencontrar o sentido da minha história? Quando sigo o fluxo do sentido, encontro paz interior, mesmo que tenha mais trabalho.

A síntese da programação é a seguinte:

  • informação sobre as fases da vida, as leis biográficas;
  • contato com o próprio corpo: danças circulares;
  • contato com o inconsciente: atividades artísticas (aquarela e colagem, a princípio), conto de fadas;
  • reflexão individual: a escrita da vida;
  • reflexão em grupo: contando a própria história;
  • eu hoje: identificando a minha pergunta;
  • pensando o amanhã: projetando metas para a minha vida.

Coordenação:

  • Rosângela Cunha

Psicóloga, Gestalt-terapeuta e Terapeuta Biográfica

  • Marcelo Guerra

Médico Homeopata e Terapeuta Biográfico

Formação Biográfica – Minas Gerais – Escola Livre de Formação Biográfica
Membro do International Trainers Forum em conexão com a General Anthroposophical Section of the School of Spiritual Science do Goetheanum – Dornach/Suiça.)

Onde e quando?

Em São Paulo, no Centro Paulus, de 14 a 17 de outubro de 2010.

  • 4 parcelas de R$247,00 ou R$988,00 à vista, em quarto individual;
  • 4 parcelas de R$292,00 ou R$1.168,00 à vista, em suíte individual.
A inscrição é efetivada com o depósito da 1ª parcela.

Escreva para rosangela@terapiabiografica.com.br ou marceloguerra@terapiabiografica.com.br para mais informações. Ou ligue para falar com um de nós: (11)6463-6880

VAGAS LIMITADAS

Faça sua inscrição online, clicando aqui.

Reveja sua história e fortaleça-se

Vivemos um tempo em que cada pessoa busca, com diferentes graus de empenho, compreender-se melhor como indivíduo. Frutos deste tempo são a psicanálise, a antroposofia, a teosofia, o humanismo, as diversas correntes psicoterápicas e a aproximação da filosofia com estas correntes.

O ser humano tem hoje maior consciência de si do que em séculos passados, o que gera mais questionamentos. Nossas decisões deixaram de ser guiadas unicamente pela lógica das circunstâncias externas e passaram a levar em conta nosso mundo interior, nossas aspirações, nossos desejos. Cada vez mais temos notícias de pessoas que largaram carreiras bem sucedidas em termos de dinheiro e prestígio, para dedicarem-se a uma vida mais simples, mas que corresponde a uma busca interior de mais tempo junto às pessoas queridas, à possibilidade de dedicar-se a um hobby, ou a outro interesse qualquer que não diretamente ligado à profissão de origem. Exemplos deste movimento são executivos que trocam os escritórios por uma pousada numa praia escondida no litoral.

RESPOSTAS ESTÃO NA PRÓPRIA VIDA

Nosso eu interior, nosso mundo interno, cada vez fala mais alto e exige mais respostas. As perguntas centrais são: “Quem eu sou, afinal? O que eu quero fazer com a minha vida? O que estou fazendo?” É aí que reside a importância da Terapia Biográfica. Porque não há melhor material para entendermos o que queremos das nossas vidas do que a história de nossas próprias vidas. Nossas questões essenciais em relação a nossas vidas só podem ser respondidas no contexto da vida em si. O que traz respostas reais são os fatos da vida que levamos até aqui, como reagimos a eles, como os criamos, como os sentimos, como os transformamos em padrões, e porque não conseguimos sair destes padrões.

Estas respostas são a chave para que, através do pensamento e do sentimento, possamos agir no sentido de modificar nossas vidas, tornando-as plenas de sentido.

Através do trabalho biográfico, o participante treina um distanciamento em relação à sua própria vida, como se a visse como uma paisagem. Com o prosseguimento do trabalho, é preciso criar um senso de responsabilidade por sua própria biografia, depois de entender pequenas frações da sua história, saindo do lugar de vítima das circunstâncias. Através deste trabalho, uma pessoa pode sair da posição de deixar as coisas acontecerem a ela e assumir a direção de sua própria vida.

METAS DE MUDANÇA

Este não é um processo fácil ou mágico, do tipo “vou fazer umas atividades numa tarde, relembrar algumas coisas e tudo vai entrar nos eixos.” Não, este é um processo que pode ser longo e cansativo, e geralmente nem um pouco fácil. Afinal, a pessoa se defronta com fatos que preferiria deixar debaixo do tapete da memória para sempre, não fossem eles causadores de tantos outros sofrimentos e padrões de comportamento dolorosos. E quando você começa a trabalhar com estes fatos e compreendê-los, você pode chegar a escolhas para o futuro, totalmente baseadas na sua biografia. Esta é a essência da Terapia Biográfica: unir o passado, o presente e o futuro ao redor da questão de cada um, para que a pessoa possa tomar a vida em suas próprias mãos.

A Terapia Biográfica é aplicada de diversas formas, em diferentes situações. Os encontros biográficos, que duram quatro dias, são oportunidades de rever toda a história de forma panorâmica, como se você estivesse olhando do alto de uma montanha para a sua vida. Dessa experiência pode-se separar o que é essencial do que é acessório. Esta visão panorâmica é apoiada por atividades artísticas, neste caso em especial a aquarela, em que muito se diz sem palavras. O momento final é dedicado a estabelecer o seu próprio programa de metas de mudanças, baseado exclusivamente no que você viu nesse panorama. É uma oportunidade realmente intensiva, pois eu pergunto: quando é possível dirigir nosso olhar para a nossa própria história por quatro dias? Ser prioridade para si mesmo por quatro dias? As pessoas que participam dos panoramas biográficos saem muito motivadas a mudar no que é preciso (obtêm uma clareza bem maior do que é preciso mudar), pois enxergam o que é essencial nas suas vidas. E este é o objetivo maior da Terapia Biográfica, uma terapia antroposófica.